Por que a agricultura orgânica tem alto custo financeiro?
A ideia de fazer uma agricultura sem produtos químicos e coisas do
gênero soa muito bem. O fato de ser mais saudável também chama muita atenção.
Porém a agricultura orgânica possui um custo financeiro alto, segundo o site da
Food and Agriculture Organization das Nações Unidas (ONU), isto ocorre, no
mundo inteiro, porque:
- O fornecimento da comida orgânica é limitado se comparado à sua demanda;
- Os custos da produção dos alimentos orgânicos, normalmente, são maiores devido ao grande trabalho exigido e ao fato de que os fazendeiros não produzem o bastante, de um único produto, para baixar seu custo de forma abrangente;
- O manuseio do período pós-colheita de quantidades relativamente pequenas resulta em altos custos;
A FAO também observa que os preços da comida
orgânica incluem não só o custo da produção, mas também uma escala de outros
fatores que não existem no preço da comida produzida em larga escala e com
compostos químicos, como:
- Melhoria e proteção ambiental e o fato de evitar futuras despesas com o controle da poluição;
- Padrões melhores de bem-estar dos animais;
- Prevenção de riscos contra a saúde dos fazendeiros devido ao manuseio inadequado de pesticidas, evitando futuras despesas médicas;
- Desenvolvimento rural, gerando mais empregos nas fazendas e garantindo um rendimento justo e suficiente para os produtores.
A FAO acredita que, conforme a demanda da comida e
produtos orgânicos crescer, inovações tecnológicas e economia de escala
reduzirão os custos da produção, processamento, distribuição e comercialização
dos produtos orgânicos.
A discussão sobre preço leva a outra pergunta: seria
possível alimentar o mundo somente com alimentos orgânicos?
Além do preço mais alto, há outra crítica à comida
orgânica: a de que não é possível atender à fome do mundo somente com esse tipo
de produção.
Os níveis de produtividade alcançados, que são mais
baixos do que os da agricultura convencional, não dariam conta de resolver o
problema da fome no mundo. Então, infelizmente não dá para prescindir dos
agroquímicos. O que se costuma dizer é que é melhor morrer intoxicado do que de
fome. Nem uma coisa, nem outra.
No livro “A Reconstrução Ecológica da Agricultura”,
Carlos Armênio Khatounian, tenta clarear o debate, avaliando que nem a
agricultura orgânica, nem a convencional têm, hoje, condições de suprir uma
população humana crescente, visto que:
1. A agricultura baseada nos insumos industriais
das grandes corporações está destruindo a base natural da produção -
produtividades elevadas, mas fugazes, a abundância imediata do presente, às
custas do futuro.
2. A agricultura ecológica é ainda uma proposta
que, apesar de seus grandes avanços, apenas engatinha. Representa um esforço de
reconstrução em outras bases, preservando os recursos naturais de que a
humanidade necessita para produzir alimentos. Ela representa o melhor que até o
momento se alcançou na busca da sustentabilidade.
A busca de sustentabilidade continua, considera
Khatounian, e a humanidade pode equacionar esses problemas conquanto difíceis
sejam e colocá-los num cronograma de mudanças, desde que assim o deseje.
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